Quando os Lobos Uivam estala a GUERRA
(e porque os tempos de agora convidam a reflexões e porque a nossa história ficou marcada por sangue corajoso, aqui vai um poema sobre a história da série da RTP "Quando os Lobos Uivam")
Os baldios,
Os baldios são do povo,
Os baldios são do povo da serra,
Choram lobos à Luz da Lua...
----------------------------------\o tempo passa\-----------------------------------
A velha senhora voltou,
A velha senhora voltou lá do sítio das luzes.
Acorrei todos meu povo,
Acorrei todos a recebê-la,
Acorreia todos a recebê-la com pedras e varapaus!
------------------------\o tempo agora não passa. parou.\---------------------
A velha senhora, que só é velha de nome,
Reclama, com autoridade de velha
(a saber, autoridade sem utilidade)
Reclama os baldios
Quere-os floresta
----------------------\o tempo passa vagarosamente. os lobos choram.\--------------------
Os baldios são do povo,
Os baldios são do povo, velha senhora!
Não se meta entre os homens e a serra!
Não se meta entre os lobos e a toca!
Não se meta...
-----------------\Aqui e agora entram os gumes, as balas e o sangue. O tempo atrasa-se. Os lobos uivam de raiva.\-----------
Velha senhora, se quer regular
A natureza e os seus homens terá de
Lutar contra ela!
Porque deseja tanto a morte?
Os baldios são do povo!
-------------------\Soam gritos. É a guerra. O tempo acelerou descomunalmente. Mas os lobos fingem que dormem.\----------------------
Morre um filho da velha senhora
Entre os dentes de um lobo raivoso,
Filho da serra.
As Madeiras de uma casa ardem furiosamente
Largando um altar flamejante
À Lua! À Lua dos Lobos!
-----------\Os lobos ainda fingem que dormem. O tempo passa agora ao compasso do relógio de parede de uma velha sala\-------------
A velha senhora irritou-se
Seus filhos, irados
Olhos vermelhos do fogo da casa
E da raiva dos Homens.
Com a leveza e a graça de um florete
A alcateia diminui,
Desastrosamente.
----------\Raiva! Raiva! O tempo acelera ao bater dos corações! Morte à velha senhora!\------
Queres floresta, velha senhora?
Nunca a terás!
O Pinhal (a saber, a "floresta" da velha senhora)
Arde, arde, arde, arde furiosamente em misturas de tons
De vermelho furioso, laranja de raiva e tons
De verde autotitário a desaparecerem, a desvanecerem-se.
E no meio do fogo da raiva
Dos Homens, na floresta
Um lobo uiva
Até que a voz lhe seja queimada...
------\Vitória dos lobos. Destruição total. O tempo passa pelas horas tristes e...mortas\------
OS BALDIOS SÃO DO POVO, VELHA SENHORA!
10 Comments:
Já ouvi muito bem a respeito do título por aquina minha terra. :)
Excelentes leituras as tuas...
Deixo-te um sorriso!
Olá, gostei deste post... deixo-te um beijo com sabor a maresia
Andei à procura de baldios no google e vim parar a este espaço que os evoca a propósito da obra do Aquilino. Na ilha Terceira a luta pelos baldios chamou-se "justiça da Noite" e ando a estudar esse assunto
Uma das obras fundamentais de Aquilino, tão esquecido! Fazes-lhe jus no teu poema.
Beijos
os baldios, a terra, a vida são do Povo, velha senhora e novos senhores!
excelente.
tudo. tudo perfeito.
Muito bom.
Beijocas e inté.
Quase me atrevo a dizer que resumiste na perfeição a série televisiva... :-)
That's a great story. Waiting for more. » » »
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