sexta-feira, janeiro 19, 2007

Bilhete

Para uns um barco
Lento,
Para outros avião
Apressado,
Para os demais comboio
Regular,

Não tem porto ou aeroporto
Nem pára na estação

É qualquer coisa sentida
Por vezes perdida
Bilhete? Só de ida.
Sem retorno
A vida.


(finalmente, a inspiração está voltando, triste , mas está voltando)

terça-feira, janeiro 02, 2007

Duas vidas que se apagaram no mesmo ano.....há 11 anos

Começo este novo ano com a referência a duas personalidades que julgo terem sido esquecidas (ou pouco lembradas, como lhe quiserem chamar), mesmo tendo feito em 2006, 10 anos sobre as suas mortes. Uma portuguesa. Outra Norte-Americana. Uma amava a madeira dos palcos e as palmas dos públicos. Outro olhava mais alto e chamava o infinito do Universo de amigo.

Falo de Mário Viegas e Carl Sagan. Como a sociedade portuguesa encarregou-se de (quase) os esquecer fica aqui o meu singelo memorial a duas personalidades que se deram por completo às suas profissões e morreram cedo demais. Que Portugal se lembre delas e lhes dê o devido respeito e admiração nos próximos anos, é o que desejo.


Mário Viegas



Actor português, de nome completo António Mário Lopes Pereira Viegas, nasceu a 10 de Novembro de 1948, em Santarém, e morreu a 1 de Abril de 1996. Foi considerado como o maior actor do pós-25 de Abril. Aos 15 anos, já fazia teatro amador. Após ter frequentado a Faculdade de Letras e o Conservatório Nacional em Lisboa, estreou-se no Teatro Experimental de Cascais (TEC). Em 1969 ingressou no Teatro Universitário do Porto e em 1970 regressou ao TEC. Começou a ser conhecido como declamador, tendo gravado diversos discos. Iniciou-se no cinema em 1975 com a curta-metragem O Funeral do Patrão. Foi um dos elementos fundadores do grupo A Barraca, em 1976. Aqui, assinaria um dos papéis mais inesquecíveis da sua carreira teatral: D. João VI (1979), que lhe valeu o prémio de melhor actor no Festival de Teatro de Sitges. Cinematograficamente, foi um dos «actores-fétiche» de José Fonseca e Costa, com quem trabalharia em Kilas, o Mau da Fita (1981), Sem Sombra de Pecado (1983), A Mulher do Próximo (1988) e Os Cornos de Cronos (1991). Trabalhou também sob a orientação de Artur Semedo em O Rei das Berlengas (1978), de Manoel de Oliveira em A Divina Comédia (1991) e de Roberto Faenza em Afirma Pereira (1996). Fez também televisão, apresentando os programas Palavras Ditas (1986) e Palavras Vivas (1990), onde declamou poemas de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, António Nobre, Cesário Verde e Pablo Neruda. Mas foi no teatro que atingiu os seus maiores momentos: em 1991, fundou a Companhia Teatral do Chiado onde o seu maior sucesso viria a ser Europa Não! Portugal Nunca! (1995). Paralelamente, tentou uma carreira política: nas Legislativas de 1995 integrou as listas da UDP e no mesmo ano anunciou a sua candidatura à Presidência da República, com o slogan «O Sonho ao Poder», obtendo algum feedback entre a classe universitária lisboeta. No entanto, a síndrome da imunodeficiência adquirida, da qual viria a falecer, acabaria por inviabilizar a sua ida às urnas.


Pela sua carreira e méritos artísticos foi várias vezes premiado por diferentes entidades culturais, como, por exemplo, pela Casa da Imprensa, pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro e pela Secretaria de Estado da Cultura. Em 1993 foi agraciado com a Medalha de Mérito da cidade de Santarém e, em 1994, recebeu, pelas mãos do então Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares, a comenda da Ordem do Infante D. Henrique.


(Texo retirado de "Mário Viegas. In Diciopédia X [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2006. ISBN: 978-972-0-65262-1")


Carl Sagan



Carl Sagan

Astrónomo norte-americano, Carl Edward Sagan nasceu em Novembro de 1934, no estado norte-americano de Nova Iorque, membro de uma família de origem leste-europeia. Obtendo uma formação científica múltipla (em áreas como a biologia e a genética, e dando realce à astronomia), doutorou-se pela Universidade de Chicago em 1960. Deu aulas em algumas das mais importantes universidades americanas e fez conferências em diversos países. Durante vários anos trabalhou para a NASA, participando em vários projectos de exploração do espaço, como as sondas Mariner, Viking e Voyager. Recebeu vários prémios científicos e publicou inúmeros estudos e relatórios, que o colocaram na vanguarda da investigação astronómica das últimas décadas. Dos seus cerca de vinte livros (alguns dos quais escritos em colaboração) destacam-se The Dragons of Eden (Os Dragões do Éden, 1977), Broca's Brain (O Cérebro de Broca, 1979) e Contact (Contacto, 1985). Na série televisiva Cosmos mostrou-se um extraordinário divulgador das ciências. A série teve um sucesso até hoje inigualado dentro do género. Calcula-se que tenha sido vista por 500 milhões de espectadores em todo o mundo. O livro com o mesmo título, publicado em 1980, atingiu tiragens verdadeiramente excepcionais, tendo sido traduzido para dezenas de línguas. Ao longo da sua vida, Sagan dedicou-se intensamente ao estudo dos fenómenos estelares e planetários, do início da vida e das consequências humanas e ambientais do desenvolvimento tecnológico. Sustentava com convicção a plausibilidade da existência de vida extraterrestre inteligente, e foi essa hipótese uma das suas paixões de investigador. Morreu em Dezembro de 1996, em consequência de uma leucemia.

(Texto retirado de "Carl Sagan. In Diciopédia X [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2006. ISBN: 978-972-0-65262-1")

Um bom 2007 para todos. May your dreams come true.