quarta-feira, setembro 28, 2005

Namorados



(um pouco de poesia - pra matar saudades deste estilo)




Quatro pés, duas passadas
Marcam trilhos paralelos
Na seca areia, no salgado mar
Banhados pela luz da lua

Duas bocas, um beijo
Que aquece a noite fria
Numa praia vazia
Ao sabor das ondas

Dois corações, um sentimento
Vício recíproco, um abraço
Mais longo que o tempo
Mais forte que o espaço

P.S. dedicado ao casais de namorados k conheço, este é pra vocês.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Memórias




(para pensarem- isto acontece a muita gente)


Guardo em caixas, caixotes, malas e malotes todas as poucas recordações com que fico desta casa. Olho fotografias da minha feliz infância e, melancolicamente, verifico que o tempo já marcou o meu rosto com rugas. Recordo os quadros que via em casa dos meus pais e que agora apenas vejo nas fotografias. Arrumo as minhas louças e com elas os jantares que dei nesta casa. Que alegria quando juntava os meus amigos em grandes jantaradas. Descubro também, escondida nos armários, a colecção de jarras de minha mãe e que herdei. "Que alegres lembranças tenho!" penso. O toque dos lençóis de linho quando era pequeno, a imagem de meu pai sempre autoritário, as visitas... Tinha uma alegre e preenchida vida em pequeno. Agora sonho entre lembranças e o mundo...são sonhos de escritor.

Tocam à porta. Rasgo á pressa escritos meus amarelecidos pelo tempo. Esperem por favor...já vou...

quinta-feira, setembro 08, 2005

Interferências

(Algures numa estação de tv qualquer)

Câmara de Filmar: Olha que vida a nossa! Trabalhar, trabalhar, trabalhar..... Estou a ver-te um pouco desfocado micro, que se passa?

Microfone: Eu hoje aumentei o som de uma declaração de guerra (chora) em directo na TV.

Câmara de Filmar: Que horror! (chocada) Deves sentir-te mal. Sendo tu tão pacífico.

Microfone: (desconsolado) O que eu dava para poder ter-me desligado naquele momento....

Câmara de Filmar: Sabes? Não compreendo os humanos, sempre aos tiros. O que eu já filmei numa zona de guerra. Foi horrível!

Microfone:  Eu sei, o jornalista que reportava isso usou-me e até chorava ao falar do que via.

Câmara de Filmar: Pois...no meio de tanto sangue, tanto sofrimento...não há um humano de se comover? Nós ficámos comovidos!

Microfone: Há uns que até gostam daquilo.

Camara de Filmar: Esses não têm coração. Só obsessão por dinheiro e poder.

Microfone: Esses é que deviam estar a morrer na guerra em vez dos inocentes que por lá morrem...

Camara de Filmar: É verdade. Oxalá os humanos pequenos consigam a paz que tanto apregoam.

Microfone: Oxalá!

...